sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Corina

As damas do seculo 19 eram muito elegantes. Corina também, tinha olhos espertos cor de chumbo e um longo pescoço pálido como uma coluna de gesso. Em seu decimo nono aniversario casou-se com um homem mais velho para unir a fortuna de suas famílias.
O homem era Arthur, 35 anos. Seu divertimento era colecionar machados, afia-los, e arremessa-los. (Ha, ha, ha, minha Machadinha)
Nunca se apaixonara por alguém até encontrar Corina em uma de suas viagens. A garota tina nascimento nobre, e isso o agradou, no começo ela parecia fria a seu relacionamento, mais depois passou a ser indiferente. Talvez outros homens achariam isso ruim, uma esposa não afetuosa, mas para Arthur, Corina era perfeita. Tão fria como suas laminas e isso o deixava confortável.

Cinco anos após o casamento, Corina não havia gerado filhos, o inverno tinha finalmente acabado e com a prima-vera mudaram-se novas pessoas em seu bairro. vizinhos estrangeiros. Enquanto seu marido se trancava com suas armas, Corina ficava os observando de seu quarto.
Uma tarde, o casal fora convidado pelos novos vizinhos para uma festa.
Na festa havia muitas pessoas, e Corina quase se sentia entediada quando um cavalheiro do outro lado atravessou o salão ofegante cumprimentando os anfitriões.
A parir daquele instante os olhos da moça não abandonaram o mais recente convidado.
Tristan, era meio irmão do anfitrião da festa, tinha acabado de fazer 28 anos e viera passar um tempo com seu irmão mais velho. Rapidamente encontrou os olhos de Corina, e teria sido feliz se ela não estivesse acompanhada.

Naquele verão Arthur ficou muito ocupado com seus assuntos de trabalho, não conseguia arrumar pouco tempo se quer para seus machados.
Corina também se ocupara. Ocupou-se de ir visitar todos os dias a sua vizinha. Ocupou-se de ver e conhecer Tristan mais vezes. Ocupou-se mais ainda de sua cama. Partia triste todas as vezes quando vinha o fim do dia. Foi até feliz algumas noites quando Tristan vinha ocupar sua cama.
Com as folhas secas de outono, veio também a desconfiança. Arthur notara algo de errado com Corina, mas esperou, era frio e paciente. Não a tocara uma unica vez, ela tornou-se insensível até mesmo a seu "bom dia". Então, para seu desespero, descobriu da forma mais ridícula que sua belíssima esposa ficara gravida de outro alguém. A loucura tomou posse de si, e trancou-se por um longo tempo em sua sala, afiando... Afiando...

Apos aquele tempo, saiu do quarto armado, a procura de sua esposa impura. Encontrou a garota suspirando na janela, olhando em direção ao bastardo.
A  cena o destruiu por dentro. Não seria feliz enquanto a quela maldita não morresse. Corina correu para defender não a si, mas a criança que em nela estava. Desesperada tentou acalmar o homem transtornado.
- Quem te pois a mão sabendo que és minha?!? - Dizia entre os dentes.
Corina estava a dois passos próximo a escadaria. Calculou suas opções , antes de vestir seu sorriso mais terno.
- Se és "meu" eu também sou tua. - A voz saiu doce de seus lábios trêmulos.
Indignado com a falsidade da moça, arremessou o machado em sua direção, esse por pouco não a acertou. Assustada, a garota correu para fora da casa. Não havia lua naquela noite, e a rua parecia mais escura do que o costume. (Pula machadinha para o meio da rua )
Arthur saiu de casa descompensado, gritando que ela viraria uma meretriz, e que ela jamais voltaria para casa. Dormira com os porcos, comeria com eles também.

Corina, apos se recompor, Não perderia sua postura, vivera como um objeto até então, e por ser feliz um único verão, sera castigada pelo resto de sua vida. (No meio da rua Não ei de ficar.)  Não se arrependeria. voltou antes do sol para dentro do casarão, movida pelo impulso. matou Arthur que dormia pesadamente. Estava em estado de choque quando terminou, gritou para os criados que um homem invadiu seu quarto durante a noite revirando as coisas de Arthur, sem encontrar o que procurava, ficara transtornado. E o pobre Arthur que tentara protege-la, fora brutalmente assassinado. O velório ocorreu na quela tarde. Corina chorou durante dias, todos ficaram horrorizados, "Pobre Arthur, nem se quer conhecerá a criança."

Quando tirou seu luto já era verão novamente e com o verão, vieram os pretendentes.Corina que era bonita e jovem casou-se novamente. Não houve uma unica noite em que se esquecera do que fez. As vezes nas noites sem lua, Corina cantava para se livrar do fantasma de seu passado

"Ha, ha, ha minha machadinha.
 Quem te pois a mão sabendo que és minha? 
Se és minha eu também sou tua. 
Pula machadinha para o meio da rua. 
No meio da rua não ei de ficar. 
Porque tenho Tristan para ser meu par..."

Fim



May



quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A garota do Zoológico

Antigamente, quando eu ainda era jovem, existia uma pequena parte do meu dia que muito me agradava. Quando estava próximo de voltar prara casa, já imaginava se iria vê-la sentada no segundo banco da janela esquerda.

Dificilmente o ônibus lotava, então eu sentava do lado direito, uma cadeira atrais para poder apreciar o meu pequeno espetáculo diário. Era uma garota alta que se sentava desconfortavelmente entre os bancos estreitos. Usava sempre um casaco feito de crochê meio gasto e calcas azuis, seus enormes olhos castanhos ficavam ainda maiores por de trais das lentes espessas.
Todos os dias a encontrava lendo vigorosamente um desses livros que não estão na prateleira dos mais vendidos, enquanto mascava seu chiclete e nos revelava uma proeminente corcunda.

Então, quando passávamos pelos muros do zoológico, ela levantava a cabeça, se setava ereta e fechava os olhos. Inspirava fundo o ar, como se aquilo fosse uma especie de ritual. - Arrisquei inspirar o ar junto dela algumas vezes, para tentar desfrutar daquela sensação, mas eu, provavelmente não passaria aquela imagem agradável.

Lembro- me da ultima vez que a vi. Foi exatamente igual as outras vezes, nada de mais. Mas quando ela parou de se sentar no segundo banco da janela da esquerda, senti falta de vê-la ter a quela atitude engraçada, mas ali, toda vez que passava perto do zoológico, percebi aos poucos que todos os passageiros paravam para sentir o ar puro e sem poluição de cidade grande.


May