quinta-feira, 30 de julho de 2015

A Rainha Encantada - 3

- Primeiramente agradeço a todos por comparecerem a esse evento, fico muito feliz que estejam todos aqui. Há três anos, por uma infelicidade do destino perdi minha adorada família, Tornando-me solitária. Apesar de ter a honra de governar esse povo que eu tanto estimo, continuei vazia por dentro.
Os olhares da multidão eram todos para ela, não exatamente para ela. Sabiam muito bem o que seria aquilo nos braços dela, e estavam prontos para naquela tarde de sol, a qualquer momento o anuncio da mais jovem realeza. Entretanto, somente um um olhar não estava a esperar uma qualquer coisa. Eleanor era a unica no salão que sentia o cheiro da tempestade que viria, teve o cuidado de ficar distante de todos. 
- Apresento-lhes, meu filho, Deite-ei o nome de Uriah, que significa, luz, Foi de fato minha luz. 
Dizendo isso, a Rainha descobriu o pano e mostrou a criança de modo que todos pudessem ver o rosto e seu corpo. Assim que entenderam, a plateia recuou um paço, algumas senhoras desmaiaram, ouve espanto e terror. A Rainha não compreendia a reação de todos. Como eram cruéis e insensíveis a tudo que era novo. 
Logo, diante da plateia ouviu-se alguém dizer: "BRUXA" e o olhar da rainha percorreu o salão encontrando os olhos de Eleanor que parecia uma coluna de mármore de olhos gelados em meio ao caos. A Rainha se retirou-se, virando as costas, a essa altura a guarda estava tentando dispensar os convidados sem usar a força para tal.

Marrie considerou as profecias de sua amiga, que antes considerava burra. Seguiu-se uma linha cronológica de infelicidades, sendo elas basicamente, rejeição, infelicidade e vandalismo para com a corte. Depois de o anuncio da criança, a rainha quer era exemplo de beleza, tornou-se exemplo de tudo que era relacionado ao descaso. Com tudo, a Rainha foi tão rejeitada pelo fato de criar um monstro que nunca mais teve coragem de sair do castelo.

Ano apos ano, a criança meio humana meio cachorro foi crescendo, o único contato com as pessoas alem de sua mãe, a rainha, eram os poucos criados que aprenderam a gostar do príncipe disforme. Tão logo ele percebeu que era diferente dos demais e tão logo percebeu que o terreno do gigantesco castelo não era suficiente para sua curiosidade. E assim foi envelhecendo, lentamente, junto do tempo, até chegar aos seus vinte anos.
-Acho que essa não é uma ideia viável, meu amor. Considere o fato de descarta-la.
A Rainha caminhava em seu jardim, cada paço ouvia-se as folhas outonais craqueando em seus pés.
-Minha amada mãe. Não pode dizer isso. - Uriah vinha caminhando em seu lado. -Compreendo a atrocidade que é minha face, e pretendo esconde-la, mas eu gostaria de ver o mundo fora desse castelo, ao menos uma vez.
-Não diga isso! Imagine só o que eles fariam com você! Tome-me como modelo. Já fui a pessoa mais amada desse reino, e hoje, as pessoas me tem como bruxa.
-Tudo seria mais fácil se você não me...
-Termine essa frase se quiser me matar!
Naquela tarde a conversa terminou rápido, e rápido foram se deitar. Apenas deitar pois o Príncipe não conseguia dormir, só pensando no seu futuro preso dentro do castelo. Naquela noite, o vento soprava com violência na sacada do príncipe que levantou-se para sentir aquele frio percorrer os pelos de seu rosto. Mas ao sair, seus olhos capturaram uma figura no jardim de sua mãe, olhando fixamente para a sacada de seu quarto. A curiosidade era tamanha que sem pensar, desceu para ver mais perto quem era de fato.
Ao sair, a pessoa estava sentada, como se estivesse esperando o príncipe.
-Você cresceu. - Era uma voz de mulher, coberta por um capuz preto surrado.
-Quem é você? - Perguntou o príncipe.
-Sou a pessoa que te deu isso. -A mulher tinha uma mão envelhecida e segurava um espelho que refletia o rosto do Príncipe iluminada pela luz da lua, revelando claramente sua feição animalesca.
-O que você esta falando? Como entrou aqui?
-É uma pena saber que você não me conhece. Afinal, eu sempre estive aqui.

May

domingo, 26 de julho de 2015

Acasos

Há 4 anos.
Eu achava, que à todos podia agradar,
que só eu tinha a dispensa com cheiro de chá
e que nessa casa ninguém vinha me visitar.

E eu achei, que tudo duraria pra sempre
que de 12 materiais apenas 3 não entraria na minha mente
e que seria fácil falar inglês fluente.

E eu acho, que nem tudo são flores,
que em um quadro, o essencial são cores
e que pra conquistar alguém você não precisa fazer poses.

E talvez um dia eu ache, que vou gostar de sair casa,
que um dia a amizade acaba
e todos nós ficamos sem nada.

May

Vou fazer um reposte de alguns textos do meu antigo blog. Mas somente aqueles que valem a pena postar.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A Rainha Encantada - 2

Quando desembrulhou a manta, Eleanor deu um passo para traz, cobrindo a boca com as mãos. Marrie não se importou ignorou a  reação da amiga e com toda doçura, tomou a criança em seus braços. A criança possuía a cabeça de cachorro e o corpo de um bebe e apesar de tudo chorava como tal, se fechasse os olhos por um momento, sem sombra de duvidas seria uma criança por inteiro. Mas Eleanor não compartilhava da mesma opinião, medo e asco alternavam-se pelo seu rosto.
- E então..? - Quis saber a Rainha.
As duas afastaram-se da cama diminuindo o tom de voz para não acordar a "criança".
- O que era aquela criatura em sua cama?
- Não fale assim do meu bebê! - A rainha sentiu-se ofendida.
- Bebê Marrie? Bebê? - Eleanor fuzilou a cama atrás de si. -  Ateie fogo naquela coisa, de aos cães, ou dê para os seus cães criar. Deus desaprova esse monstro!
- Não diga isso! Esse mesmo Deus levou meus filhos, meu marido! - A Rainha parou com olhar distante. -...E agora me deu um filho, como se fosse uma segunda chance.
  "...Não que os outros sejam substituíveis..."
Eleanor não entendia. Era burra. Só ligava para a aparência e a beleza em que nela continha, tão superficial e muito vazia as vezes. Seus cabelos prateados combinavam perfeitamente com seu vestido branco de renda que era de fios tão finos e delicados que parecia ter sido tecidos pela aranha menor que no mundo existia.
- Você não pode ficara com aquilo, o que as pessoas vão pensar? Vão chama-la de bruxa, correrá risco de vida. - Eleanor balançou a cabeça com desaprovação.
- Ele também. Sabe, eu não peço sua aprovação. Eu nunca disse que ia ser fácil, mas vou fazer isso Eleanor. Ele precisa de mim.
Com relutância a moça acabou assentindo.
- Você é minha amiga. Seu segredo está guardado comigo. Mas não vai conseguir esconde-lo por muito tempo.
- Não esconderei... Anunciarei a sua chegada. Direi a todos que foi um presente de Deus.
-Se é isso o que você quer. - Eleanor fez uma pausa. - Você é a rainha. Sabe o que é melhor para seu povo. -Antes de sair olhou uma ultima vez para registrar a estranheza da criatura que a rainha possuía.
Naquela tarde Eleanor dispensou os convidados, alegando que a rainha estava indisposta, mas uma novem de curiosidade pairava em cima do castelo deixando os convidados inquietos. "O que a deixara tão indisposta a ponto de não descer para o seu próprio chá?"
Logo os dias se passaram e a história esquecida, até que no inicio do verão a Rainha anunciou um baile para comemorar algo especial. O reino todo fora convidado para comer e beber a vontade. Mas no auge da animação da festa a jovem Rainha surgiu radiante de felicidade, trazendo em seus braços o que parecia ser uma  criança. O salão ficou em silencio, podia-se ouvir o vento quente levando as folhas verdes para dentro do salão. Então ela começou a falar.

May 

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Hoje demonstro indifereça a esse sentimento.

Vindes a minha toca.
Bebestes da minha alma.
E fostes embora com todo o resto de amor que eu tinha,
Deixando somente a esperança,
Tal como a caixa de pandora.
Agora vens roubar meu sono,
Sono esse que não és bem vindo,
No qual vos mato todas as noites.
May