quarta-feira, 22 de julho de 2015

A Rainha Encantada - 2

Quando desembrulhou a manta, Eleanor deu um passo para traz, cobrindo a boca com as mãos. Marrie não se importou ignorou a  reação da amiga e com toda doçura, tomou a criança em seus braços. A criança possuía a cabeça de cachorro e o corpo de um bebe e apesar de tudo chorava como tal, se fechasse os olhos por um momento, sem sombra de duvidas seria uma criança por inteiro. Mas Eleanor não compartilhava da mesma opinião, medo e asco alternavam-se pelo seu rosto.
- E então..? - Quis saber a Rainha.
As duas afastaram-se da cama diminuindo o tom de voz para não acordar a "criança".
- O que era aquela criatura em sua cama?
- Não fale assim do meu bebê! - A rainha sentiu-se ofendida.
- Bebê Marrie? Bebê? - Eleanor fuzilou a cama atrás de si. -  Ateie fogo naquela coisa, de aos cães, ou dê para os seus cães criar. Deus desaprova esse monstro!
- Não diga isso! Esse mesmo Deus levou meus filhos, meu marido! - A Rainha parou com olhar distante. -...E agora me deu um filho, como se fosse uma segunda chance.
  "...Não que os outros sejam substituíveis..."
Eleanor não entendia. Era burra. Só ligava para a aparência e a beleza em que nela continha, tão superficial e muito vazia as vezes. Seus cabelos prateados combinavam perfeitamente com seu vestido branco de renda que era de fios tão finos e delicados que parecia ter sido tecidos pela aranha menor que no mundo existia.
- Você não pode ficara com aquilo, o que as pessoas vão pensar? Vão chama-la de bruxa, correrá risco de vida. - Eleanor balançou a cabeça com desaprovação.
- Ele também. Sabe, eu não peço sua aprovação. Eu nunca disse que ia ser fácil, mas vou fazer isso Eleanor. Ele precisa de mim.
Com relutância a moça acabou assentindo.
- Você é minha amiga. Seu segredo está guardado comigo. Mas não vai conseguir esconde-lo por muito tempo.
- Não esconderei... Anunciarei a sua chegada. Direi a todos que foi um presente de Deus.
-Se é isso o que você quer. - Eleanor fez uma pausa. - Você é a rainha. Sabe o que é melhor para seu povo. -Antes de sair olhou uma ultima vez para registrar a estranheza da criatura que a rainha possuía.
Naquela tarde Eleanor dispensou os convidados, alegando que a rainha estava indisposta, mas uma novem de curiosidade pairava em cima do castelo deixando os convidados inquietos. "O que a deixara tão indisposta a ponto de não descer para o seu próprio chá?"
Logo os dias se passaram e a história esquecida, até que no inicio do verão a Rainha anunciou um baile para comemorar algo especial. O reino todo fora convidado para comer e beber a vontade. Mas no auge da animação da festa a jovem Rainha surgiu radiante de felicidade, trazendo em seus braços o que parecia ser uma  criança. O salão ficou em silencio, podia-se ouvir o vento quente levando as folhas verdes para dentro do salão. Então ela começou a falar.

May 

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